sábado, 31 de outubro de 2009

Carta do Síndico – Nº 0004

João Pessoa, 31 de Outubro de 2009.


 

Olá caro condômino como vão as coisas? Espero que tudo bem. Vamos relatar inicialmente os informativos:


 

  • Teremos uma reunião dia 07 de Novembro (próximo sábado) as 19h:30min, tendo como pauta a prestação de contas do primeiro trimestre da nossa administração e as dívidas trabalhistas;
  • Dias 01 e 02 de novembro, esse domingo e segunda respectivamente não teremos funcionários na portaria no período das 6h até as 18h em virtude do feriado de finados.
  • Quem não fez ainda a senha do interfone, para ter acesso ao portão pequeno ao lado da guarita, o procedimento é o seguinte: do interfone do seu apartamento digite 6#1000 (senha com 3 dígitos) (nº do ramal do aptº) # # . Por exemplo, vamos supor que o morador do apartamento 411 do bloco B queira cadastrar a senha 777, ele terá que do seu apartamento discar a seguinte sequência numérica: 6 # 1000 777 2 411 # #.
  • A senha que você cadastrou abre apenas o portão de entrada ao lado da guarita, guarde-a bem e não informe a estranhos. Para entrar no condomínio você digita 0 + a senha cadastrada.
  • Os portões podem ser abertos também do seu apartamento, veja como ficou a lista de comandos: Portão pequeno ao lado da guarita: * *; Portão do Bloco A: 6 * 1; Portão do Bloco B: 6 * 6.
  • Quem não adquiriu ainda o controle do portão principal, estamos com algumas poucas unidades à venda pelo valor de R$ 25,00.


 

Esse mês as coisas não foram nada fáceis, permita-me narrar um comercial que assisti em uma palestra. Nas imagens se percebe um grande engarrafamento, muita confusão, pessoas discutindo e os ânimos acirrados, a câmera abre e vemos o motivo do pandemônio, uma árvore enorme caíra e obstaculara toda a rua, e para piorar, uma chuva torrencial que não parava de cair. Pessoas de todos os tipos olhavam para a situação, uns reclamando, outros chateados, outros indiferentes e ninguém fazia nada. Em meio àquele caos que se estabelecera um menino de no máximo cinco anos, atravessa a multidão e começa a empurrar a árvore de centenas de quilos, uns olhavam e diziam "deve ser louco achando que pode empurrar essa árvore", mas para nossa surpresa mais uma criança começa a empurrar, e mais uma, e mais uma e um jovem, e um velho, e uma moça e uma senhora, são dezenas agora que se aglomeram para retirar dali aquele imenso obstáculo, e o impossível aconteceu, a árvore foi retirada. Nem todos foram, nem todos ajudaram, nem todos acreditaram, mas o menino venceu e com ele muitos venceram porque acreditaram, sonharam juntos, desejaram a utopia.

Sábado dia 3 de outubro tomei conhecimento que o bloco B estava sem água, como estava no trabalho pedi para que se tentasse descobrir a causa do transtorno, às 18h:30min tomei conhecimento que a bomba do poço, instalada a 42 m de profundidade tinha queimado, o que você faria em meu lugar como síndico do prédio? Lembrando que você está diante de uma situação inédita, você nunca se deparou com uma coisa dessas e como não fez faculdade pra síndico, faria o óbvio, pegaria uma lista telefônica e desesperadamente procuraria alguém que trabalhasse em um sábado à noite e conhecesse alguém que tivesse uma loja de bombas submersas funcionando no domingo, que ótima idéia, foi exatamente isso que fiz, estava como aquele menino, empurrando o tronco que obstruía a estrada, existem problemas cuja solução estão acima de nossas forças, foi aí que vi que não estava sozinho, uns reclamavam, reclamavam e reclamavam, mas como foi bom olhar para o lado e saber que você estava lá empurrando aquele enorme tronco, foi difícil demais, um sábado a noite, um domingo e a segunda pela manhã sem água, o tronco era pesado por demasia, mas ele saiu, temos água, vencemos, uns ainda como espectadores torcendo para o pior, outros continuavam a reclamar procurando culpados para uma situação sem culpados; esses nada fazem, não ajudam, não cooperam, a eles minha piedade, pois descobri na árdua batalha aqueles que posso contar, aqueles que sorriam em meio à luta, aqueles que posso chamar de amigos, meu muito obrigado.

Além dos problemas do poço, esse mês tivemos mais dois problemas hidráulicos, um entupimento na caixa d´água do bloco A, uma espécie de estopa tapou os canos principais, deixando todo um bloco sem água, desentupimos tudo e lavamos a caixa do referido bloco, quando pensávamos que estava tudo em ordem o cano da bomba da casa de máquinas estourou molhando as chaves do circuito, isso já quase dez horas da noite, mais um problema, e perceba que as três situações não tem relação uma com a outra, não foi um problema que criou o outro, mas casos isolados que aconteceram porque tinha de acontecer.

Foi difícil? Foi, mas já passou, superamos e vencemos, o que não podemos é deixar de lutar e acreditar que o MH tem jeito, e está melhorando, e vai melhorar mais, mas não faço nada sozinho, esse mês tivemos quase R$ 2000,00 em despesas imprevistas o que pode comprometer a folha de novembro e dezembro por isso conto com todos, continuem pagando em dia o condomínio pois quero honrar o meu compromisso com os funcionários, quem trabalha quer receber, e não é justo atrasar salário e décimo terceiro, por isso, desde já agradeço a colaboração de todos.

Na minha próxima carta terei condições de listar os apartamentos com o condomínio em atraso, avançamos muito no programa da Caixa Econômica, e estarei divulgando qualquer apartamento que esteja com mais de três meses em aberto dentro de minha gestão, por isso quem estiver inadimplente evite aborrecimentos, estarei divulgando e cobrando de porta em porta, pois estamos avançando e não podemos parar.

Para os meses de novembro e dezembro praticamente não teremos obras, uma vez que todos os recursos serão destinados ao pagamento da folha dos funcionários que praticamente dobra no final de ano, concluiremos apenas o espaço para as crianças, o Clubinho MH, e também os reparos dos portões dos blocos para que fiquem constantemente fechados. E caso não tenham percebido instalamos interruptores em todos os portões que tem a finalidade de abri-los por dentro, evitando o desgaste das fechaduras.

Todo mundo já deve imaginar que ser síndico não é nada fácil, recomendo que assistam um quadro novo do fantástico chamado "Reunião de Condomínio" apresentado por Max Gehringer, onde alguns moradores substituirão o síndico por alguns dias em busca de soluções, pena que não podemos fazer o mesmo no prédio, seria muito bom ver o povo que só reclama "descascando uns abacaxis", no mínimo divertido.

Que Jesus abençoe nosso prédio e nossas famílias, deixo para sua reflexão:


"Os que confiam no SENHOR serão como o monte Sião, que não se abala, mas permanece para sempre. Como estão os montes à roda de Jerusalém, assim o SENHOR está em volta do seu povo, desde agora e para sempre." (Salmos 125:1-2)

Atenciosamente:


 

Ronaldo Xavier

(Síndico)

domingo, 18 de outubro de 2009

Reunião de Condomínio - Max Gehringer vai mostrar o dia a dia de um condomínio em São Paulo


Episódio I - Como resolver os problemas do condomínio?





E o vizinho barulhento, o cachorro que late, a vaga na garagem, a sujeira no prédio. Veja as dicas de "Reunião de condomínio".
Durante anos, você economiza pra realizar o sonho da casa própria, e, um dia, finalmente consegue. Seu novo endereço é um condomínio novinho em folha, como você sempre sonhou.
Mas aí, você descobre que a vizinha de cima gosta de usar o secador de cabelo a todo vapor às onze da noite. E que o cachorro do vizinho do lado late o dia inteiro. Quer pior do que essa? Estão ocupando a sua vaga na garagem. A lista é grande, né?
É, mas está começando agora "Reunião de Condomínio".
"Vamos falar sobre alguns atos de vandalismo que estão acontecendo no condomínio", anuncia o subsíndico Eduardo Carlos Mariano.
Noite de quarta-feira passada (7), em um condomínio na Zona Norte de São Paulo a indignação toma conta da assembleia lotada. Um misterioso vândalo destruiu as portas corta-fogo do bloco 1. Elas servem pra impedir que as chamas se alastrem em caso de incêndio.
"O barulho é intenso", conta a subsíndica Márcia Neves.
"Algum morador serrou, para não ter mais barulho. Ele acabou serrando do quarto andar até o térreo", diz Eduardo Carlos Mariano.
O condomínio acabou sendo reprovado na vistoria dos bombeiros. Se o prédio pegar fogo, o seguro pode se recusar a pagar a indenização. A polícia vai investigar o caso.
"Algumas pessoas serão chamadas para prestar depoimento", avisa o síndico.
O dinheiro para o conserto das portas seria usado na compra de lâmpadas novas. Com a despesa imprevista, todo mundo vai ser obrigado a pagar taxa extra.
"Se você pegar nosso condomínio, só para espelhos da academia, foram gastos R$ 3 mil. Ficou bonito, eu gostei. E nós deveríamos usar isso em outra coisa", sugere o funcionário público Claudio Felipe.
O síndico tenta acalmar os moradores. "O espírito coletivo tem que reinar. Se a gente não tiver, fica difícil conseguir administrar. Eu acho que esse não é o espírito de uma comunidade", diz o síndico Marcelo.
É, Marcelo... Quem mandou ser síndico? E pensar que os moradores só estão no prédio há um ano. O condomínio é novinho: tem piscina, academia, duas churrasqueiras, espaço gourmet, salão de jogos, parquinho e brinquedoteca. Um sonho e um orgulho para a maioria dos proprietários.
A boa impressão de quem chega é resultado da dedicação de Marcelo e dos três subsíndicos: Eduardo, Márcia e Furlan.
“Muitas vezes eu chego e fico horas lá embaixo. Sou incomodado às 2h, 3h da manhã. Tem que ter muita paciência”, diz Marcelo.
São três blocos e 248 apartamentos. Sai faísca para todo lado! E quase todos os problemas começam com a letra "C": cano, carro, cachorro, criança.
"Alguns ficam até bravos quando você interfona e fala que o filho está fazendo alguma coisa", conta a subsíndica.
São conflitos que só acontecem neste condomínio? Não. Quando os problemas nos afetam, sempre tendemos a achar que eles são maiores do que realmente são. E o problema que afeta a mim sempre será muito maior do que o problema que afeta o vizinho do 12º andar.

O que eles precisam é se entender. Durante um mês, o Fantástico vai acompanhar o dia a dia do condomínio. Max vai usar sua minha experiência no mercado de trabalho pra ajudar a pôr ordem na casa. Afinal, condomínio é como uma empresa, com a diferença que o síndico não pode demitir o vizinho.
Os barracos, os dilemas e a busca por soluções. Você está convocado para a Reunião de Condomínio!
Marco Antônio tem um carro e uma moto. E, como todo morador, apenas uma vaga na garagem.
“Pode ser que às vezes seja aberto precedente para quem tem um automóvel querer ter uma segunda vaga, o que não é certo”, diz Marcelo.
O Fantástico propôs a quatro moradores super críticos ao condomínio uma troca de papéis. Durante um mês, eles vão assumir o lugar do síndico. Quem procura defeitos agora tem que encontrar a solução.
Marco Antônio quer resolver o nó do estacionamento. Amissella Andriella Motta, de 18 anos, pede mais lazer para os jovens. Já Atila Luccese briga por investimento em segurança. E Sheila acha que faltam limites para as crianças. Juntos, os quatro voluntários vão resolver todos os problemas e pensar em melhorias para o condomínio.
As crianças, por exemplo. Todo mundo reclama delas, mas quem parou para ouvi-las?
"Não podemos fazer nada. Se corremos, tomamos advertência ou multa", conta Bianca Bhering, de 12 anos.
"Muitas pessoas reclamam. Parece que nunca foram criança", diz Lucas Ricardi, de 14 anos.
A brinquedoteca e o salão de jogos estão fechados.
"Para adulto tem academia, um monte de coisas pra eles fazer. Agora, para criança, não", reclama Bianca.
Muitas vezes, o que falta mesmo é educação. A varanda da empresária Ilma da Silva virou depósito do lixo que jogam pela janela. "É constante no meu quintal casca de banana, vidro de esmalte, pó de café. Eu tomo sol na cadeira e várias vezes lá de cima vieram enxurradas de água", conta. E isso não é o pior. A moradora conta que sempre tinha coco de cachorro na varanda. "Como o prédio é novo, as pessoas saíram das suas vilas, das suas casas, e vieram para cá sem noção do que é morar em condomínio".
De cada cinco famílias, quatro nunca moraram em condomínio antes. Adquiriram o imóvel pensando que "isso aqui é meu, então, aqui mando eu". Isso é verdade? Não! Eu não tenho um condomínio que vai se adaptar ao que eu quero; eu vou me adaptar ao que o condomínio precisa. Se cada um resolver fazer as próprias leis, as próprias regras, nós voltamos aos tempos do Velho Oeste.
O advogado Márcio Rachkorsky, especialista em condomínios que você conheceu no Fantástico, no quadro "Chame o síndico", explica: "Condomínio significa dividir uma mesma propriedade. E aí, quando acontece uma coisa boa, todo mundo colhe os frutos. Quando acontece uma coisa ruim, um ato de vandalismo, dói no bolso de todo mundo".
Não adianta dizer que "no meu andar não destruíram as portas corta-fogo, não tenho nada a ver com isso". O Titanic bateu de frente, como todo mundo viu no filme. O pessoal do fundo falou: "Que legal, bateu na frente. Já pensou se bate aqui atrás, que desgraça que ia ser!", conta Max.
Mas o vizinho sem noção pode se dar mal.
"Hoje em dia o Código Civil já prevê a figura do condômino antissocial. É aquele que atrapalha a vida em sociedade. Essa pessoa pode ser multada em até dez cotas de condomínio", alerta o advogado Márcio Rachkorsky.
O vândalo do bloco 1 deve ainda responder criminalmente pelos danos, além de ser obrigado a reembolsar os vizinhos.

De todos os problemas, porém, o que coloca de verdade os moradores em pé de guerra é o barulho.
"Eu tenho consciência de que é errado, mas é da hora, eu gosto", admite Bruno Bhering, de 14 anos.
"Ele gosta de aparecer de vez em quando. Aí, vira a caixa de som exatamente para mostrar que ele é o todo-poderoso", diz o pai do adolescente, Cléber Bhering.
"O barulho é até às 22h. Eu ligo das 14h às 18h, então, é permitido", alega Bruno.
"Não é porque é permitido que precisa derrubar o prédio", rebate Cléber.
Falta bom senso para quem incomoda e também para os incomodados.
"Tem morador que depois das 22h quer ligar furadeira, pregar um quadro", conta o subsíndico Eduardo César Furlan.
"É gente limpando casa, móveis, batendo porta", descreve o motorista Anderson Teixeira.
"Outro dia eu estava batendo bife às 19h e falaram que eu estava fazendo muito barulho", diz a dona de casa Vivian Marciano.
Um tremendo começo para qualquer coisa que a gente faz é encontrar alguma coisa boa, principalmente em quem a gente não gosta. No trabalho, isso é uma maravilha, chama-se "engolir
sapo".
Sábado (3), o condomínio tremeu. Era aniversário de Giovana Barbirato. A mãe dela, Viviane, conta que, em um ano de residência no condomínio, este foi o primeiro evento da família.
Quase às 20h, a subsíndica Márcia levou um recado. Uma vizinha que mora em cima do salão de festas e não quer ser identificada estava transtornada.
"Eu quero que baixe o som. Quero ficar dentro da minha casa, só isso. Eu não posso assistir à TV. Meu apartamento estremece inteiro", reclamou.
"Não dá para ouvir quase nada do lado de fora. Quem não é convidado se incomoda", rebateu Viviane.
"O pessoal é muito sensível, vamos dizer", comenta o segurança Josenildo dos Santos.
"A gente tem que aprender a viver em harmonia na comunidade", ressalta o pai da aniversariante, Ricardo Barbirato. "Por bem ou por mal, estou dentro do meu direito. A maioria das pessoas que mora aqui financiou o apartamento em 20 anos. Então, o que acontece? O pessoal pegou, fez o carnê, e acha que é melhor que você. Esse é o problema do ser humano. Eu prefiro andar com calça e tênis velhos, com a barriga cheia, a prestação em dia e bem-humorado com meus vizinhos".
Atormentada pelo som ainda alto, a moradora resolveu ir embora. "Todo sábado e domingo é a mesma confusão. É festa, as pessoas não nos respeitam. Eu tenho meu condomínio em dia e ninguém me respeita, ninguém me ouve. Então, vou sair, porque eu sou a incomodada. Não dá para ficar na minha casa. A minha casa estremece. Não ouço a TV, não ouço telefone, não ouço absolutamente nada há quatro meses. Não aguento mais morar neste lugar. Estou doente e agora tenho que ir embora para um hotel, porque não posso ficar na minha casa. Não temos voz. Só quem não presta é que tem voz. Estou cansada, não aguento mais. Quero saber quem vai pagar minha estadia no hotel", reclamou.
Os alto-falantes continuaram bombando até às 22h, o horário limite.
E agora, quem tem razão? A guerra ao barulho é a primeira missão dos quatro moradores que vão chefiar o condomínio. Átila, Amissella, Sheila e Marco Antônio tentarão conscientizar os vizinhos.
A próxima reunião de condomínio está marcada: é domingo que vem!